Em seu pronunciamento na abertura da 3ª Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia em Bruxelas, realizada nesta segunda-feira (17), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva abordou diversos temas de grande importância. O encontro, que reúne cerca de 60 líderes estrangeiros dos países-membros dos dois blocos, não acontecia desde 2015 e tem previsão de encerramento nesta terça-feira (18).
Entre os principais pontos abordados por Lula em seu discurso aos demais chefes de Estado e de governo estão:
Extremismo político e regulação digital
Lula enfatizou que as regiões estão ameaçadas pelo extremismo político e pela manipulação da informação, o que resulta em violência contra minorias e silenciamento de vozes. Para ele, a democracia deve incluir o respeito à diversidade e aos direitos de grupos como mulheres, negros, indígenas, LGBTQI+, pobres e migrantes. Ele defendeu políticas de inclusão social, digital e educacional e destacou a necessidade de regulamentação das plataformas digitais para combater crimes cibernéticos e a desinformação, garantindo também o respeito às leis trabalhistas.
Governança global e guerra
O presidente brasileiro criticou o atual modelo de governança global, que perpetua desigualdades e reduz oportunidades para os países em desenvolvimento. Ele exemplificou a grave crise multidimensional no Haiti, defendendo que a superação de problemas como esse requer a mobilização de recursos adequados para projetos de desenvolvimento estruturantes. Além disso, Lula repudiou o uso da força como meio de resolver disputas, fazendo menção à guerra na Ucrânia, e condenou o uso de sanções econômicas, que acabam prejudicando as populações mais vulneráveis.
Fome, desigualdade e meio ambiente
O presidente brasileiro criticou o atual padrão de consumo, incompatível com a crise ambiental global, e destacou o aprofundamento das desigualdades sociais, especialmente após a pandemia. Ele ressaltou a existência de 735 milhões de pessoas passando fome, segundo relatório da FAO, e lamentou a destinação de trilhões de dólares para a máquina de guerra, em detrimento do combate à fome. Lula também criticou a falta de cumprimento, por parte dos países ricos, da promessa de destinar US$ 100 bilhões por ano aos países em desenvolvimento como compensação pela crise do aquecimento global.
Acordo comercial:
Antes da abertura da cúpula, Lula se reuniu com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e discutiu o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. O presidente expressou sua esperança de concluir o acordo entre os blocos ainda em 2023.
O discurso de Lula na Cúpula Celac-União Europeia enfatizou a necessidade de mudanças e a busca por uma nova governança global, além de destacar questões fundamentais como a inclusão social, a regulação digital, o combate à fome e a preservação do meio ambiente. O retorno do presidente a Brasília está previsto para quarta-feira (19).